sempre só planos

(...isso aqui já tava virando diário de suicida e essa nunca foi minha intenção, mas costumo deixar que as coisas aconteçam de acordo com o estado de espírito e era o que eu estava precisando escrever naquele momento, hoje resolvi escrever uma crônica quem não deixa de ser parte de um diário de “alguém” que luto para não me tornar, coragem rapaz que você consegue superar esse momento...)


...Será que teria dado certo? Essa dúvida palpita o coração já desregulado de um homem que perdeu tudo devido à falta de coragem de arriscar tudo...

...Tendo a consciência como testemunha de tudo aquilo feito à sombra dos olhos alheios, temia pelo que estava por vir. Porém, todo ato tão bem planejado, arquitetado em imensas pranchetas sob a luz de um abajur na calada da noite, deixava um ar de segurança e dever bem cumprido. Como tudo que fazia durante o dia sendo bom chefe de família, bom empresário, responsável com todos seus compromissos, ao final do dia após poucas horas de descanso, como se um novo ser surgisse, desdobrava uma pessoa fria e calculista...
...Os pés tocavam o chão frio da madrugada como plumas para que a esposa não notasse, uma parada na cozinha para o “cafézinho-pré-nicotina”, e cinco minutos de observação junto à janela do 26º andar daquele prédio de luxo no centro da cidade, mais dois tragos no cigarro e volta aos planos, papéis e abajur. O lápis rabiscava o que seria a 13ª parte do plano dividido em outras doze folhas de papel A3, tudo estava certo, teria que dar certo, só havia uma chance ou sua vida estaria por fim. Logo pela manhã um beijo o despertava para mais um dia de trabalho, via a porta entreaberta e de lá surgia uma criança linda que num salto caia sobre o colo gritando de felicidade por mais uma vez ter abraço seguro e confortável daquele homem forte que sempre lhe contava as estórinhas antes de dormir. O café da manhã junto aquelas duas mulheres de sua vida deixava a dúvida de que se alguma coisa desse errado seria o fim de bons momentos como aqueles...
...Hoje o viúvo de 72 anos, passando pelo porão daquela pequenina casa na periferia comprada com o pouco que restou após o golpe de seu sócio levando-o a falência, decide olhar as fotos arquivadas em uma velha caixa de papelão, e lá encontra dentre as fotos de sua filhinha, hoje mulher vivida e divorciada, viciada em álcool e outras drogas ilícitas, treze grandes folhas de um plano milimetricamente calculado. Será q teria dado certo? Essa dúvida palpita o coração já desregulado de um homem que perdeu tudo devido à falta de coragem de arriscar tudo...